Na tarde deste sábado, 13 de setembro de 2025, aconteceu de forma virtual mais uma atividade do projeto Poemas da Cidade – Edição 2025: a Oficina Poética, que teve como tema “Poema em substância de poesia”.
A condução da oficina ficou a cargo de Márcia Plana*, com a mediação de Leonardo Campos – coordenador do projeto e sócio cooperado da Editora COOPACESSO. O encontro contou também com as participações de Inez Galardinovic (diretora do Sindicato dos Bancários do ABC e integrante do projeto) e Emilia Vieira de Oliveira (poeta, escritora e também integrante do projeto), além de interações através do chat.
O encontro reuniu reflexões, leituras e um diálogo intenso sobre o papel da poesia na vida, no coletivo e até na relação com a tecnologia. Márcia destacou a poesia como um corpo em constante construção: ritmo, cor, voz e imagem. Como disse:
“A palavra poética é plenamente o que é. É ritmo, é cor, é significado e também é outra coisa, ela é uma imagem.”
Para ela, cada poema é um organismo vivo, que adquire sentido tanto no ato da escrita quanto na leitura:
“Às vezes nós lemos um texto e dizemos: ‘Olha, eu não entendi bem, mas mexeu comigo’. Para que esse texto possa mexer conosco e com os leitores, o poema é feito de palavras, seres equívocos, que são cor e significado ao mesmo tempo.”
A oficina trouxe também mergulhos em poemas de autores como Manuel de Barros, Octavio Paz, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Marisa Lajolo, Martinho, Dalila Teles Veras, entre outros.
Após a explanação da Márcia, Leonardo abriu a palavra para a Inez e a Emília comentarem sobre o que havia sido apresentado pela Márcia. Dentre outras reflexões, Inez
ressaltou a importância da partilha:
“A vida é coletiva. Nós não somos seres isolados. Quando a pessoa se individualiza, ela adoece. E adoecendo, a sociedade adoece também. (...) É só com a partilha que a gente vai conseguir ter vida, porque a vida não é só a nossa, mas também a do outro.”
Já
Emilia trouxe uma perspectiva sensível, comparando o fazer poético à gestação:
“Você falou que a vida é poesia e eu concordo. A gente vive poesia, respira poesia. Depois, poesia vai sendo gerada, então para mim se remete a ser um filho. Nós geramos um filho e, quando nasce, passamos a amá-lo. Para mim, poesia é isso.”
Dentro da temática do projeto em 2025, “Mundo digital: código que impõe barreiras”, a oficina também ajudou a refletir sobre o impacto da inteligência artificial no fazer poético. Em uma das interações no chat, destacamos a participação de Maria Cruz, que questionou se a IA poderia interferir na criação dos poetas. Em resposta, Márcia Plana afirmou que tudo interfere, mas ressaltou que a poesia é fruto da alma e da sensibilidade humana: a inteligência artificial pode oferecer informações, mas jamais substituir a carne, a experiência e a voz do poeta.
Sobre a pertinência da pergunta, Leonardo acrescentou:
“Sobre essa pergunta, também acho que é muito interessante, porque ela está dentro do tema que nos propomos a discutir neste ano. É um convite à reflexão coletiva. Tenho uma opinião já formada sobre isso: trata-se de um caminho sem volta. Assim como aprendemos a lidar com este mundo virtual durante a pandemia — ainda que alguns de forma precária —, ele passou a ser parte da nossa realidade, pois nos aproxima de pessoas de diferentes lugares. Porém, a questão central está naqueles que permanecem à margem desse mundo digital. Como pensar nessas pessoas e como construir, de fato, um mundo acessível para todos, e não apenas para alguns? Essa é uma preocupação nossa, poetas, porque o capitalismo pouco se importa com isso”.
A oficina terminou em clima de celebração, com agradecimentos e convites para os próximos encontros: o Sarau Poemas da Cidade, em outubro, e o lançamento do livro, em dezembro. A poesia, como corpo vivo, segue se reinventando no coletivo, no olhar atento ao que muitas vezes parece desimportante e na resistência de transformar o mundo em palavra.
Poemas
da Cidade: porque a poesia é corpo que ganha voz, substância que se
compartilha e imagem que se multiplica no coletivo.
📺 Assista à íntegra do encontro clicando [NESTE LINK]
📝 Para participar do projeto Poemas da Cidade – edição 2025 e ter um poema publicado no livro, acesse [ESTE LINK], leia o regulamento e envie sua inscrição. Esta será a 12ª edição do projeto — não perca!
Dúvidas? Fale com a gente:
📧 E-mail: coopacesso@coopacesso.org
📱 WhatsApp: (11) 9.1117-6274
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Márcia Plana é Mestre em Literatura e Crítica Literária (PUC/SP),
artista de Mauá/SP. Desenvolve sua arte poética na voz, palavra e imagem, em
leituras performáticas, traços em aquarela e acrílica e na tessitura de
memórias. Participa de diversos coletivos de reflexão e produção literária.